segunda-feira, março 27, 2006

De chorar

A Folha de S.Paulo de ontem traz a matéria “Machismo marca sabatina de Ellen Gracie”. A senhora em questão é ninguém menos que a mais nova presidente eleita do Supremo Tribunal Federal deste nosso Brasil varonil.

Foi escolhida para substituir o ministro Nelson Jobim. E na hora de homenageá-la em público o que fizeram seus coleguinhas? Elogiaram sua “beleza”, “charme” e “elegância”, como se tratasse de um concurso de miss.

Mais GNT

Eu nem assino TV a cabo, mas vou ter que dar um jeito de assistir à emissora esta noite. Isso porque o canal estréia, às 21h, o programa “Traga Seu Marido na Coleira”, em que uma tal de Annie Clayton aplica técnicas de adestramento de cães a homens. A conferir.

Tricô na TV

“Mulher é proibida de falar em público. O discurso é dos homens”, disse a filósofa Márcia Tiburi, uma das apresentadoras do programa Saia Justa, da GNT, em matéria do Jornal da Tarde.

Confesso que vi este programa só uma vez e achei meio chato.A única cena divertida de que me lembro foi protagonizada pela Rita Lee, que levantou o dedo médio e mandou uma telespectadora para aquele lugar porque esta tinha ficado horrorizada com alguma atitude dela. Foi hilário.

Há pouco tempo li que um dos integrantes do Casseta & Planeta tinha dito achar desnecessário um programa de TV em que mulheres ficam “tricotando” no ar só para provar que são seres pensantes. No primeiro momento, concordei. Ninguém agüenta assistir a um grupo de pessoas divagar sobre o nada.

Mas depois de ler o que disse Márcia Tiburi, voltei atrás. Já que o Saia Justa funciona como um espaço na TV para as mulheres defenderem suas idéias sobre assuntos variados, sejam elas quais forem, como acontece neste blog, eu passo para o lado do programa, mesmo que não seja do meu interesse.

Afinal, se homens podem se reunir em mesas-redondas na TV para debater sobre todos os lances de todos os jogos de futebol do fim de semana e comentam estas partidas como se isso fosse assunto de primeira ordem mundial, porque mulheres não podem se reunir para falar sobre as dificuldades do dia-a-dia? Vou até tentar assistir mais uma vez.

quarta-feira, março 15, 2006

Esperança

Neste final de semana, Michelle Bachelet foi a primeira mulher a assumir a presidência do Chile e já entrou dividindo os ministérios entre homens e mulheres.

Tomara que faça um bom governo e que inspire outros países da América Latina e do mundo a colocar líderes políticas no mais alto cargo do poder executivo de seus governos. Só as que merecerem, claro.

Nada de Glorias Arroyo e Rosinhas Garotinho, por favor.

Exemplos

Alento para momentos de pessimismo sobre o jornalismo: pelo menos 120 mulheres se destacaram na área em 2005.

Doze delas ganharam um troféu da revista Imprensa, numa pesquisa que recebeu setenta mil votos online. Merecem toda reverência.

O que eu espero de verdade é que elas recebam salários iguais aos dos colegas do sexo masculino e que tenham respostas bem-humoradas na ponta da língua para as piadas machistas dos invejosos de plantão. Vão precisar.

Táticas de guerra

Há consenso entre duas brasileiras bem-sucedidas, a jornalista Miriam Leitão e Sabrina Sato. É preciso aliar-se ao “inimigo” – o homem, é claro – para evoluir na profissão. Ok. Minha dúvida: o trabalho da irreverente ex-Big Brother é mesmo uma aliança? Pra mim, parece uma simples submissão aos desejos deles.

A propósito, a revista Isto É Gente desta semana traz matéria sobre dez brasileiras super-poderosas. Algumas delas também usaram o corpão para progredir e outras não. Vale uma passada de olho.

E para completar, o Jornal da Globo apresenta esta semana um especial sobre turismo sexual. Logo na primeira reportagem, fiquei sabendo que o meu, o seu, o nosso corpo foi usado pela propaganda oficial da Embratur nos anos 80 para atrair estrangeiros ao país. Deu no que deu.

Eu, você, a sua irmã, a sua filha e a sua mãe podemos nos lixar para isso, mas a irmã, a mãe e a filha dos miseráveis do país estão pagando (ou melhor, se vendendo) por isso.

Aí, eu volto a questionar: devemos bater palmas às Sabrinas?

Só falta tomar o poder!

Pesquisas revelam que as mulheres são muito mais cultas que os homens, diz o jornal Herald Tribune. Certo. Isso eu já sabia.

Minha dúvida agora é: quanto tempo falta para um outro estudo mostrar que os cargos de chefia em todas as áreas de trabalho, incluindo a cultural, estão divididos igualmente entre fêmeas e machos?

Sacudida

Alguém aí precisa de um empurrão pra voltar a estudar? A dona Wanda, que apareceu no SPTV, ajuda.

Aos esbeltos 89 anos, acaba de começar uma nova faculdade. Passou em Direito. Detalhe: ela já é formada em Letras e Contabilidade!

Mulheres

Pra quem se interessa pelo assunto, aqui vão dois links da Folha de S.Paulo de hoje.

O primeiro é um artigo sobre a pífia participação política das mulheres no Brasil, de Flávia Piovesan, professora de direito constitucional e direitos humanos e membro do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem) e procuradora do Estado de São Paulo.

O segundo é uma matéria sobre a morte da americana Betty Friedan, uma das pioneiras na luta pelos direitos das mulheres e autora do famoso "A Mística Feminina". Valem uma reflexão!